Não
é difícil, entretanto, não perceber que a utilização desta tecnologia está
prejudicando a necessária visão do “todo”, isto é, cada vez mais nossa
compreensão de mundo e pessoas é parcial. As especialidades nos empobreceram
quanto à percepção da interdependência de todas as partes. Visões fragmentadas
pouco contribuem na compreensão e solução de tantos problemas, quer os de ordem
pessoal e coletiva.
No campo político não é
diferente – as Tecnologias da Comunicação e Informação (TCIs) – como a rede
mundial de computadores e suas redes sociais – cada vez mais são utilizadas,
mas subutilizadas pelos políticos, quer como candidatos na caça de votos e/ou
pelos eleitos.
Não basta alimentar um
endereço eletrônico com as mesmas informações e formato de tantos folhetos,
jornais ou revistas lançados diariamente em nossos portões. A estratégia de
comunicação política precisa ser mais do que um serviço de comunicação dos
partidos que se presta apenas a informar os seus programas ou as propostas dos
seus candidatos, mas não fomentam a participação dos cidadãos nos processos
sociais. Quer dizer, a esfera on-line da política precisa reproduzir algo que
vai além do modo tradicional de fazer política.
No caso dos portais
eletrônicos dos governos municipais, estaduais e federal que divulgam os dados
relativos às suas decisões sob o título “transparência”, infelizmente a maioria
omite informações, maquiam dados, como que se valendo do desinteresse da
maioria dos cidadãos, sem se importar com a desconfiança que geram nos
eleitores e por não temer a sua indignação. Isto acentua a fragmentação da
visão da realidade, desintegra os laços políticos construtivos de uma sociedade
mais justa quanto ao exercício dos direitos e o cumprimento dos deveres, e compromete
a saúde mental da coletividade.
A despersonalização a que a
máquina nos impõe e manipulada pelos políticos durante o processo eleitoral,
com o proposito de nos “programarem”, visando seus interesses egocêntricos é
uma das ações mais perversas contra a democracia e a pessoa humana, inclusive a
dos próprios candidatos.
Concordamos com a preocupação do padre Ivo Storniolo, tradutor do livro
Bíblia e Psique: “Estamos nos submetendo aos dedos e ao teclado de quem? Por
quem estamos sendo programados? Para atender a quais objetivos?” (São Paulo:
Paulinas, 1990, p. 10).
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