sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Política on-line

           O computador é a máquina que representa um dos mais significativos avanços humanos, e nos permite realizações complexas que há menos de 10 anos eram impossíveis. Com ele é possível fazer música, cálculos matemáticos complexos, criar novas soluções químicas que nos proporcionam revolucionários medicamentos e tratamentos médicos, elaborar melhores questões para a gama das engenharias e inovações pedagógicas, etc. Usa-se o computador para estabelecer novos paradigmas filosóficos, literários, cinematográficos, políticos, e até teológicos.

            Não é difícil, entretanto, não perceber que a utilização desta tecnologia está prejudicando a necessária visão do “todo”, isto é, cada vez mais nossa compreensão de mundo e pessoas é parcial. As especialidades nos empobreceram quanto à percepção da interdependência de todas as partes. Visões fragmentadas pouco contribuem na compreensão e solução de tantos problemas, quer os de ordem pessoal e coletiva.

No campo político não é diferente – as Tecnologias da Comunicação e Informação (TCIs) – como a rede mundial de computadores e suas redes sociais – cada vez mais são utilizadas, mas subutilizadas pelos políticos, quer como candidatos na caça de votos e/ou pelos eleitos.

Não basta alimentar um endereço eletrônico com as mesmas informações e formato de tantos folhetos, jornais ou revistas lançados diariamente em nossos portões. A estratégia de comunicação política precisa ser mais do que um serviço de comunicação dos partidos que se presta apenas a informar os seus programas ou as propostas dos seus candidatos, mas não fomentam a participação dos cidadãos nos processos sociais. Quer dizer, a esfera on-line da política precisa reproduzir algo que vai além do modo tradicional de fazer política.

No caso dos portais eletrônicos dos governos municipais, estaduais e federal que divulgam os dados relativos às suas decisões sob o título “transparência”, infelizmente a maioria omite informações, maquiam dados, como que se valendo do desinteresse da maioria dos cidadãos, sem se importar com a desconfiança que geram nos eleitores e por não temer a sua indignação. Isto acentua a fragmentação da visão da realidade, desintegra os laços políticos construtivos de uma sociedade mais justa quanto ao exercício dos direitos e o cumprimento dos deveres, e compromete a saúde mental da coletividade.

A despersonalização a que a máquina nos impõe e manipulada pelos políticos durante o processo eleitoral, com o proposito de nos “programarem”, visando seus interesses egocêntricos é uma das ações mais perversas contra a democracia e a pessoa humana, inclusive a dos próprios candidatos.
Concordamos com a preocupação do padre Ivo Storniolo, tradutor do livro Bíblia e Psique: “Estamos nos submetendo aos dedos e ao teclado de quem? Por quem estamos sendo programados? Para atender a quais objetivos?” (São Paulo: Paulinas, 1990, p. 10).

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