quarta-feira, 14 de agosto de 2013

A real importância dos pais

As experiências pessoais que temos ou tivemos com os nossos pais, no sentido mais amplo possível, nos darão expectativas positivas ou negativas em relação a nós mesmos, às outras pessoas e a vida em geral. Quer dizer, dependendo de como nos relacionamos com o nosso pai, se se nos interessamos por ele, se damos atenção e dedicação que consideramos merecida, ou se nutrimos sentimentos negativos como ódio, rancor, temor ou desprezo, isto influencia, positiva ou negativamente, em nossa maneira de viver. Ou, como diz o médico homeopata e psicólogo analítico Edward Whitmont: “Eu reajo desse ou daquele modo porque isso e aquilo aconteceram entre mim, minha mãe e meu pai” (A busca do símbolo. São Paulo: Cultrix, 1994, p. 249).
            Enquanto crianças, de 0 a 5 anos de idade, os pais influenciam a nossa maneira de viver mediante a “identidade mágica” que temos acerca deles, quando os testamos, adaptando-nos às condições que nos forneciam e experimentando-os em todas as situações familiares e extrafamiliares; depois, até aos 45 anos, mais ou menos, compreendemos que tais influências muitas vezes nos resultaram em perspectivas distorcidas, porém, devido aos sofrimentos que nos causam, procuramos corrigi-las de diversos modos; e, numa terceira fase, dos 45 anos de idade em diante, buscamos por uma ideia pessoal acerca do significado do mistério da existência.
“O modo como os pais exerceram seus próprios impulsos de poder e restrições afetará o padrão do ego da criança. [...] A padronização do ego é modelada pelo progenitor a quem a criança está mais ligada, mas a influência do progenitor do mesmo sexo, quando não é dominante, continuará como uma característica da sombra (qualidades negativas que procuramos esconder). Por exemplo, um pai fraco pode paralisar a força de vontade do filho, muito embora o filho possa conscientemente rebelar-se contra essa fraqueza e ser um empreendedor (modelando assim seu ego conforme o padrão da mãe superativa, que muito provavelmente completará o quadro). Porém, a fraqueza do pai provavelmente aparecerá na tendência inconsciente do filho para tornar-se vítima de ataques de sentimento e de mulheres violentas”, conforme E. C. Whitmont (p. 221).
Neste sentido, para Whitmont, os pais são agentes na separação do ego do Self, isto é, impõe limites aos filhos para que os levem a compreender que as frustrações são importantes e necessárias, evitando assim, que se considerem “reis, rainhas ou princesas” do lar, da escola e do mundo, ao que chama de “inflação do ego”, a ponto de não reconhecerem nenhum senhor acima de si mesmos. Contudo, alerta: “A forma negativa dessa inflação do ego é a má vontade para ‘tocar a bola’ quando a vida não corresponde às nossas expectativas em nossos próprios termos. A inflação negativa surge como depressão e recusa de viver, isto é, recusa de jogar o jogo que não inventamos e cujas regras não podemos ditar” (p. 221).
            Esta é, de fato, a real importância dos nossos pais.

            Os filhos precisam de pais que os ajudem a se conscientizarem de que são responsáveis por suas atitudes e que sempre precisam se controlar, e até mesmo, por mudar a si próprios, para que não se vejam como “vítimas” nas situações que vivem, por confundirem fantasia com realidade.

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