domingo, 25 de agosto de 2013

Família e agressividade

Quanto à participação da família na formação da consciência, Jung afirma: “Quanto menos compreendermos o que nossos pais e avós procuraram, tanto menos compreenderemos a nós mesmos” (Memórias, sonhos e reflexões. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1989, p. 210).
Se quisermos ser mais conscientes de nós mesmos precisamos assimilar os padrões familiares antigos, os arquétipos parentais, isto é, tudo aquilo que nossos avós e pais deixaram de fazer de suas vidas. Porém, se o rejeitarmos, dirigimo-lo para as regiões sombrias da nossa personalidade que nos pode “atacar” sem sermos previamente avisados, e ainda, se tornar patológico causando destruição aos outros e a nós mesmos, como um lobo disfarçado de ovelha e traiçoeiro.
            Uma das coisas que nossos pais e avós procuraram e procuram, por exemplo, é como possuir uma personalidade que sabe lidar positivamente com a agressividade, ainda mais num mundo cada vez mais competitivo no qual nos sentimos obrigados a dar importância ao sucesso e a vencer os outros pelos excessos, em nome da satisfação imediata e sem medir as consequências, mesmo que sejam um vazio de sentido.
Algumas questões, consciente ou inconscientemente, sempre perseguiram nossos avós e pais, e a nós, também: Que destino dar à imaginação para o mal inerente à natureza humana? Como não se tornar num instrumento do mal? Como se pôr em termos às antipatias e inimizades em nossa vida cotidiana? Como lidar com os ressentimentos, ódios, invejas, rancores, raivas, falsidades a começar dentro da nossa própria família?
Para Carlos Amadeu Botelho Byington: “A agressividade é o contra polo da afetividade” (A Agressividade Normal e Patológica: Um estudo da Psicologia Simbólica Junguiana. Anais do 3º Congresso Nacional de Psicoterapia Junguiana. São Paulo: Escola Paulista de Psicologia Avançada, 2008, p. 12).
Ainda para o psiquiatra paulista, educador, historiador e criador da Psicologia Simbólica Junguiana: quando as crianças são agressivas podem estar demonstrando uma forma de alterar, criativa e inteligentemente, o mundo ao redor; que a agressividade patológica não se combate com a ideologia da repressão policial que privilegia o encarceramento e não a educação dos presos; que a agressividade como “função estruturante do ego” deve ser educada e desenvolvida como qualquer outra, isto é, as crianças precisam perceber que na vida existem limites e regras que precisam ser respeitadas para o seu próprio bem e de todo o mundo sem serem castigadas, mas acolhidas e modificando a relação com elas, para que possam aprender a serem saudavelmente agressivas; a agressividade é neurótica quando não tem uma finalidade empreendedora, mas provoca sofrimento, mal-estar, infelicidade e culpa, porque a pessoa não se dá conta do que faz e frequentemente procura encontrar alguém para culpar da adversidade enfrentada; a agressividade é psicopática quando a pessoa pratica o mal conscientemente, sentindo prazer porque acha e sente que está fazendo algo certo; e, a agressividade psicótica é quando a pessoa se comporta de maneira alienada da realidade social, como os casos de crimes passionais homicida-suicida.

Compreender a si mesmo é uma tarefa imposta sobre os nossos antepassados e a nós, implacavelmente.

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