domingo, 7 de dezembro de 2014

O que o dinheiro e sua fascinação pode fazer com a gente?

            Cada vez que o assunto corrupção político financeira aparece na imprensa brasileira surge uma caudalosa enxurrada de novas fisionomias envoltas por outras, bem conhecidas, à frente do “corrompreendedorismo”.
O neologismo cunhado pelo jornalista Eugênio Bucci, trata-se do: “círculo virtuoso que se presume no “empreendedorismo” preciso do gatilho vicioso da propina, do impulso baixo do suborno, dos préstimos providenciais e degradantes”, como verificado no processo instalado na Petrobrás (Observatório da Imprensa: 02/12/2014, edição 827).
            Não é difícil imaginar que os beneficiários (indivíduos, empresas e partidos políticos) do esquema de corrupção desfrutassem de um aparente sucesso, gozando de todas as mordomias que o dinheiro (bilhões de reais) podia-lhes proporcionar.
            O sucesso em seus empreendimentos empresariais, familiares e pessoais pode ter-lhes dado a consciência de que eles eram, exatamente, aquilo que lhes pareciam. Envoltos num complexo de orgulho pessoal - do ponto mais alto da arrogância -, provavelmente, não pensavam que pudessem sair das páginas sociais para as policiais dos jornais de todo o País.
Isto nos faz lembrar aquilo que C. G. Jung afirma: “Elas pensam que é tudo o que há e não conseguem ver que há certos fatos coletivos subjacentes, fatos que são a causa real do complexo. Pessoas que têm pouco dinheiro podem explicar seu complexo de dinheiro pela vontade de possuí-lo. Mas poderíamos também dizer que não é aquilo que se pode fazer com o dinheiro, é a fascinação do ouro que cria o complexo de dinheiro. Ambas as explicações são verdadeiras. A diferença entre um problema pessoal e um coletivo é que um problema pessoal deriva inteiramente de nós mesmos, das nossas próprias insuficiências pessoais. Mas um problema coletivo chega a nós devido ao fato de que vivemos em coletividade” (Seminários sobre Visões. 1933, p. 19).
No processo de exagerada sensação da própria importância, igualmente, podemos vivenciar aquilo que John R. O’Neill apresenta como uma experiência na qual: “Deixamos de ouvir e de observar a nós mesmos além das extravagâncias frenéticas do ego; fracassamos em nossas tarefas de aprendizado profundo; e nossa verdadeira identidade se distorce, se entorta e até se perde por completo”.

            Como experiente diretor de carreiras no mundo de negócios, educação, consultoria e atividades de capital de risco nos EUA, O’Neill nos ajuda a refletir sobre alguns sinais de arrogância que podemos desenvolver: 1. “Quando começamos a tomar certos ares de ego inflado, tais como acreditar que podemos fazer avaliações infalíveis acerca dos outros ou evitar erros humanos; 2. quando acusamos a pessoa que traz informações contrárias às nossas de excêntrica, lerda de espírito, invejosa ou incapaz de captar o panorama geral; 3. quando o ego começa a se afirmar em demonstrações de autoridade tais como preocupar-se em ser chamado de “senhor”, ter assento em lugar de prestígio e voz ativa nas reuniões; 4. quando rotulamos aqueles que pensam diferente de nós como errados, maus ou inimigos – é a arrogância operando sob o disfarce da bondade” (O lado obscuro do sucesso. Ao encontro da sombra. São Paulo: Cultrix, 2012, p. 131).

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