Cada
vez que o assunto corrupção político financeira aparece na imprensa brasileira
surge uma caudalosa enxurrada de novas fisionomias envoltas por outras, bem
conhecidas, à frente do “corrompreendedorismo”.
O
neologismo cunhado pelo
jornalista Eugênio Bucci, trata-se do: “círculo
virtuoso que se presume no “empreendedorismo” preciso do gatilho vicioso da
propina, do impulso baixo do suborno, dos préstimos providenciais e degradantes”,
como verificado no processo instalado na Petrobrás (Observatório da Imprensa:
02/12/2014, edição 827).
Não
é difícil imaginar que os beneficiários (indivíduos, empresas e partidos
políticos) do esquema de corrupção desfrutassem de um aparente sucesso, gozando
de todas as mordomias que o dinheiro (bilhões de reais) podia-lhes proporcionar.
O
sucesso em seus empreendimentos empresariais, familiares e pessoais pode
ter-lhes dado a consciência de que eles eram, exatamente, aquilo que lhes
pareciam. Envoltos num complexo de orgulho pessoal - do ponto mais alto da
arrogância -, provavelmente, não pensavam que pudessem sair das páginas sociais
para as policiais dos jornais de todo o País.
Isto nos faz
lembrar aquilo que C. G. Jung afirma: “Elas pensam que é tudo o que há e não
conseguem ver que há certos fatos coletivos subjacentes, fatos que são a causa
real do complexo. Pessoas que têm pouco dinheiro podem explicar seu complexo de
dinheiro pela vontade de possuí-lo. Mas poderíamos também dizer que não é
aquilo que se pode fazer com o dinheiro, é a fascinação do ouro que cria o
complexo de dinheiro. Ambas as explicações são verdadeiras. A diferença entre
um problema pessoal e um coletivo é que um problema pessoal deriva inteiramente
de nós mesmos, das nossas próprias insuficiências pessoais. Mas um problema
coletivo chega a nós devido ao fato de que vivemos em coletividade” (Seminários
sobre Visões. 1933, p. 19).
No processo de
exagerada sensação da própria importância, igualmente, podemos vivenciar aquilo
que John R. O’Neill apresenta como uma experiência na qual: “Deixamos de ouvir
e de observar a nós mesmos além das extravagâncias frenéticas do ego; fracassamos
em nossas tarefas de aprendizado profundo; e nossa verdadeira identidade se
distorce, se entorta e até se perde por completo”.
Como
experiente diretor de carreiras no mundo de negócios, educação, consultoria e
atividades de capital de risco nos EUA, O’Neill nos ajuda a refletir sobre
alguns sinais de arrogância que podemos desenvolver: 1. “Quando começamos a
tomar certos ares de ego inflado, tais como acreditar que podemos fazer
avaliações infalíveis acerca dos outros ou evitar erros humanos; 2. quando
acusamos a pessoa que traz informações contrárias às nossas de excêntrica,
lerda de espírito, invejosa ou incapaz de captar o panorama geral; 3. quando o
ego começa a se afirmar em demonstrações de autoridade tais como preocupar-se
em ser chamado de “senhor”, ter assento em lugar de prestígio e voz ativa nas
reuniões; 4. quando rotulamos aqueles que pensam diferente de nós como errados,
maus ou inimigos – é a arrogância operando sob o disfarce da bondade” (O lado
obscuro do sucesso. Ao encontro da sombra. São Paulo: Cultrix, 2012, p. 131).
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