domingo, 7 de agosto de 2011

Síndrome de Burnout (1)


            Não nos enganemos: o ambiente de trabalho é fonte de várias enfermidades, desde lesões físicas até transtornos mentais. Uma delas se chama Síndrome de Burnout.
O termo surge pela primeira vez em 1974 do século XX, com o psiquiatra Herbert Freudenberger (1927-1999). Mas só é descrito como transtorno mental em 1981, pela psicóloga social Christina Maslach, através do Inventário de Análise Fatoral.
Etimologicamente, Burnout significa “estar queimado”. A pessoa que sofre de Burnout tem comprometidas todas as funções sociais, familiares e até religiosas, pois se vê impotente, inadequada, desmoralizada, desligada, desencantada e inútil frente à vida.
A doença é diagnosticada em situação de trabalho, e acomete profissionais cujo sucesso profissional depende das pessoas com quem trabalham diretamente, como por exemplo: professores, médicos, psicólogos, enfermeiros, soldados, religiosos, etc.
Estas pessoas investem grande energia pessoal e íntima junto àqueles com quem trabalham, movidas pelo sentimento de altruísmo idealista. Mas, ao avaliarem os “resultados” do trabalho realizado, têm a percepção de que estão desperdiçando o tempo, porque aguardam o reconhecimento alheio, e principalmente porque têm dificuldade de atribuir uma significação positiva às suas atividades.
Emocionalmente, Burnout leva à “despersonalização” do indivíduo, portanto, é muito mais grave que realizar tarefas estressantes, cujas forças podem ser recuperadas após um período de descanso. A “despersonalização” é o total esfriamento emocional quanto às atividades que precisam ser desenvolvidas junto aos outros, que passam a ser tratados como meros objetos, sem se importar se suas atitudes são negativas.
Não é difícil perceber que, devido ao baixo envolvimento pessoal com o trabalho, o rendimento profissional é sensivelmente diminuído, agravando ainda mais a avaliação que faz quanto ao seu desempenho. Tal quadro pode resultar em depressão, levando a pessoa a uma sensação de ausência de prazer e alegria na vida de modo geral.
Contudo, segundo Vieira: “Comparados a indivíduos deprimidos, os que têm Burnout: 1) apresentam mais vitalidade e são mais capazes de obter prazer nas atividades; 2) raramente apresentam perda de peso, retardo psicomotor ou ideação suicida; 3) têm sentimentos de culpa mais realistas, se os tiverem; 4) atribuem sua indecisão e inatividade à fadiga (e não à própria doença); e 5) apresentam mais frequentemente insônia inicial, em vez de terminal (como na depressão)” (Revista Psiquiatria Rio Grande do Sul,  Porto Alegre,  v. 28,  n. 3,  2006).
Para outro especialista: “Os estudos sobre Burnout evidenciam que a pessoa afasta-se da realidade, obedece cegamente à burocracia e busca se tornar inconsciente dos seus atos, atitudes, sentimentos, emoções, coisificando-se e desumanizando-se para não sofrer. Muitas pessoas não sabem que têm essa doença” (Revista da Abordagem Gestáltica, XVI (1), 2008).
O dano emocional causado por Burnout é enorme, e se o analisarmos, um dos fatores do seu surgimento está associado à frequente idealização que os indivíduos, as famílias, e a sociedade em geral, alimentam quanto ao ambiente e ao exercício das diversas profissões, sem levar em consideração as condições psicológicas de cada um de nós. Mas isto será abordado na próxima semana, se Deus quiser.

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