De
acordo com os melhores códigos da imprensa em geral, as informações precisam
ter origem em fontes com credibilidade. Se a fonte for considerada “duvidosa”
simplesmente não se publica. E não foi isto que aconteceu com a última edição da
revista Veja, quando afirmou que a presidente Dilma Rousseff sabia previamente
do esquema de corrupção mantido na Petrobras, e que o ex-presidente Lula foi o
seu articulador, segundo depoimento do doleiro Alberto Youssef, preso sob
acusação de ser o comandante deste esquema e de outros, pelos quais já foi
condenado.
“Não havendo tempo para a apuração completa, o jornalista deve publicar
aquilo de que dispõe no momento, desde que rigorosamente checado, e pode estender sua investigação aos dias
seguintes, se o fato for significativo o suficiente para voltar às páginas do jornal”
(Manual
de Redação da Folha de São Paulo. 2001, p. 25).
Informação sem investigação, em jornalismo, é considerada panfletagem.
E, segundo o jornalista Luciano Costa: “Transformados em
panfletos, os órgãos de comunicação reforçam a tendência que marca sua
linguagem e seu discurso e que, de maneira muito clara, denota sua relação com
o público” (Observatório da Imprensa. Edição 683, 02/03/2012).
Jornalismo se faz com provas, pistas, indícios, evidências, e não
suspeitas. Jornalismo é exercido com equidistância, imparcialidade, isenção.
Jornalismo não manipula os leitores, telespectadores e/ou os ouvintes.
Jornalismo não vitima o público.
O povo brasileiro merece respeito e deve exigir dos meios de comunicação
um jornalismo sério e responsável, fruto de uma investigação persistente e
incansável.
E, para piorar ainda mais as coisas, as redes sociais disseminam toda
espécie de factóides e meias-verdades que povoam o imaginário coletivo.
Como psicólogo junguiano, observo que esta situação demonstra a
existência de um fator inconsciente fortemente vivo e ativo na psique
brasileira.
Este fator consiste em se deixar levar por fofocas, inverdades, boatos,
maledicências; ser possuído por um baixo senso crítico; confiar num enganoso
domínio racional sobre as emoções a ponto de ver ameaçadas e, em alguns casos, não
se importar de arruinar amizades antigas, laços familiares íntimos, relações de
trabalho, credibilidades pessoais e convivências psicossocioculturais, como por
exemplo, entre nordestinos e sulistas.
“Os tempos atuais e seus jornais parecem uma clínica psiquiátrica
gigantesca, qualquer observador atento tem oportunidade de sobra para captar
estes aspectos intuitivamente. Mas não se deve esquecer a seguinte regra: o
inconsciente de uma pessoa se projeta sobre outra pessoa, isto é, aquilo que
alguém não vê em si mesmo, passa a censurar no outro. Este princípio tem uma
validade geral tão impressionante que seria bom se todos, antes de criticar os
outros, se sentassem e ponderassem cuidadosamente se a carapuça que querem
enfiar na cabeça do outro não é aquela que se ajusta perfeitamente a eles”,
afirma C. G. Jung (Civilização em transição. Petrópolis: Vozes, 2007, p. 29).
Somente uma sincera, honesta e minuciosa investigação na vida própria,
para verificar que aquilo que não reconhecemos em nós é transferido ou
projetado inconscientemente para o outro.
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