quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

"O passado é como um enorme aspirador que nos suga o tempo todo"

Carl Gustav Jung, em conversa com Marie-Louise Von Franz: 
"Se não andamos sempre para frente, o passado nos suga. O passado é como um enorme aspirador que nos suga o tempo todo. Se você não avança, você regride. Você precisa levar a tocha da nova luz sempre para frente, historicamente, por assim dizer, e também em sua vida particular. Se você olha para trás com tristeza, ou mesmo com desdém, o passado torna a agarrá-la. O passado é um poder formidável".
Reação da Von Franz: 
"Isto significa ser absolutamente inflexível, implacável, com o que é diferente e novo. É isso que sinto que precisamos dizer sobre a psicologia junguiana. É por isso que, para grande aborrecimento de alguns colegas, sou contra fazer um coquetel com um pouco de Jung e algumas porções de outras coisas, diluindo a psicologia junguiana até reduzi-la à filosofia do século dezenove e deixando de considerá-la a novidade estimulante que sinto que ela é. Sem dúvida, a psicologia junguiana é extraordinariamente nova. Mas ela pode também ser sugada para o velho sistema quando, por exemplo, se diz: "Oh, isso..." A psicologia junguiana não caiu do céu; ela tem uma história, e naturalmente Jung teve muitos precursores históricos. Mas o modo como Jung vê o inconsciente, e mais, a maneira prática de viver com ele, da forma ensinada por Jung, é completamente diferente de qualquer outra escola. Essa psicologia é inteiramente nova, e não deve ser assemelhada nem reduzida a coisas do passado. (...) De algum modo inconsciente ou imaginário, a velha ordem sabe o que lhe falta; e quando o que lhe falta se mostra à sua visão, a velha ordem quer tomá-la para si e reclamá-la como sua, mesmo que uma geração separe os dois. Então temos de deixar o velho imperador sozinho. Temos de deixar o passado para si mesmo. "Que os mortos enterrem os seus mortos" - disse Cristo".
(O gato: um conto da redenção feminina. São Paulo: Paulus, 2000, p. 156-158).

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