domingo, 1 de fevereiro de 2015

Tentando compreender o terrorismo

“Temos que ligar o terrorismo às suas raízes em nossa consciência religiosa. Um terrorista é o produto da nossa educação que diz que a estética é somente para os artistas, a alma só para os padres, a imaginação é trivial ou perigosa e só para os loucos, e que a realidade à qual devemos nos adaptar é o mundo exterior, e que este mundo está morto. Um terrorista é o resultado de todo este longo processo de eliminação da psique. Corbin me disse uma vez: ‘O que está errado com o mundo islâmico é que ele destruiu suas imagens, e sem estas imagens que são tão ricas e tão completas na sua tradição, estão enlouquecendo, porque não têm continente para seu extraordinário poder imaginativo’. O trabalho que ele fez com os textos místicos-filosóficos, os textos que resgatam o mundo imaginal, pode ser visto como uma atitude política de primeira ordem: era um confronto do terrorismo, fanatismo e niilismo bem nas suas raízes psíquicas. ” Hillman - EntreVistas

Quando o humor seca toda religião enrijece no fundamentalismo:
"Trata-se de um ritmo normal em reações humanas, ilustrado, por exemplo, no teatro clássico grego, onde três tragédias são seguidas por uma comédia. Ninguém podia ir para casa depois de ter visto Édipo Rei e duas outras peças no mesmo tom; tinha de haver no final uma das comédias de Aristófanes, para que todos os espectadores rissem a bandeiras despregadas. Ou existe o mecanismo típico em que, no momento mais solene de um funeral, uma pessoa vê subitamente algo burlesco e tem uma reação nervosa que a faz querer rir. É o clímax de excitação que se converte no desejo de rir; ninguém pode suportar por muito tempo uma condição trágica exagerada, de modo que, ocasionalmente, sente-se compelida a levá-la para o lado da troça. Isso também explica a Missa Jocosa da Idade Média. Durante 364 dias por ano, a Missa e a Hóstia são recebidas com a maior seriedade e, um dia por ano, a liturgia era simplesmente um motivo de chistes. Ou, no ritual dos índios norte-americanos, onde existe um palhaço que pertence ao clã Thunderbird, que escarnece das cerimônias mais sagradas, fazendo comentários obscenos e chistes a respeito delas." Marie-Louise von Franz - Alquimia.
(Textos do facebook do Andre Dantas)

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