sábado, 30 de maio de 2015

Conflitos e criatividade: pontes e fronteiras arquetípicas (2)
De 3 a 6 de junho de 2015, os psicólogos Vivian Verônica Buck e Sílvio Lopes Peres participarão do VII Congresso Latino Americano de Psicologia Analítica, na cidade de Buenos Aires, Argentina, com trabalhos que visam contribuir para com a  revisão das formas atuais de relacionamento humano, ainda muito influenciado pela dicotomia provocada pelo racionalismo cartesiano que dominou o espírito do homem durante o século XX.
Peres apresentará a opinião de Carl Gustav Jung, acerca do sistema religioso protestante, vigente no final do século XIX e início do século XX. Segundo Jung, cabia àquele protestantismo rever seu pretensioso intelectualismo racional, por banir as experiências místicas próprias do espírito humano, contrariando o espírito seminal encontrado em seu fundador, Martinho Lutero. Como filho de pastor luterano, Jung sabia do que estava falando. “A divisão do protestantismo em novas seitas – é sinal de vida. Mas infelizmente, no sentido eclesial, isto não é um belo sinal de vida, porque não há dogmas e nenhum rito. Falta a vida tipicamente simbólica”, afirma Jung (A energia psíquica. Petrópolis: Vozes, 1997, p. 272).
Para o psiquiatra suíço, o protestantismo é portador de um “grande risco e de uma grande possibilidade”: por não saber, especialmente, o que fazer com a má consciência que domina a alma do protestante. 
Buck procurará abrir espaço para a discussão sobre o racismo e a forma como ele bate à porta dos consultórios, senta-se no divã, arranca o terapeuta de sua zona de conforto e incita-o a refletir. Para ilustrar, a autora apresentará dois casos em que o preconceito é vivenciado a partir de perspectivas diferentes: No primeiro, a paciente negra vive a dor da exclusão em seu dia-a-dia: na escola, no trabalho, nas ruas, nos parques, nos Shopping Centers da cidade. No segundo, a dor do preconceito é vivida por uma mulher de pele clara e ausência de traços afro. A mãe e todos os seus parentes são negros. O pai, descendente de alemães e italianos, perdeu o contato com a filha. Esta paciente vive o “racismo às avessas”, ou seja, as diferenças de “cor” parecem desencadear projeções que resultam em forte discriminação por parte da família. Neste caso, a excluída é branca. Como explicar este fato?
Utilizando-se do conceito de Complexo Cultural, a autora pretende demonstrar que, a partir de perspectivas várias, o preconceito racial atinge a todos nós: brancos, negros e mestiços; homens e mulheres; ricos e pobres; e, porque não dizer, analistas e analisandos. Ora, segundo Jung, sem a vivência de opostos não há a experiência da totalidade. E a verdade é que temos vivido, ao longo de nossa história, em lados opostos que se encontram, mas não se integram.
Haverá esperança de mudança? A autora propõe que o setting terapêutico seja visto aqui como a grande ponte para a estruturação de um dos mais graves complexos culturais brasileiros: o racismo. Mas para que isso aconteça é preciso um cuidadoso trabalho de autoanálise por parte dos terapeutas que, não raro, sentem alguma dificuldade em se perceberem como parte ativa do Complexo.
Sílvio Lopes Peres – Psicólogo Clínico – CRP 06/109971 – Fones: (14) 99805.1090 / 98137.8535 – http://psijung.blogspot.com.br.
Vivian Verônica Buck – Pedagoga e Psicóloga Clínica – CRP 06/58896 – Fone (11) 99656.1855.

Candidatos a Analistas do Instituto Junguiano de São Paulo (IJUSP), pertencente à Associação Junguiana do Brasil (AJB), ambos filiados à IAAP – International Association for Analytical Psychology

Nenhum comentário:

Postar um comentário