Conflitos
e criatividade: pontes e fronteiras arquetípicas (2)
De
3 a 6 de junho de 2015, os psicólogos Vivian Verônica Buck e Sílvio Lopes Peres
participarão do VII Congresso Latino Americano de Psicologia Analítica, na
cidade de Buenos Aires, Argentina, com trabalhos que visam contribuir para com
a revisão das formas atuais de
relacionamento humano, ainda muito influenciado pela dicotomia provocada pelo
racionalismo cartesiano que dominou o espírito do homem durante o século XX.
Peres
apresentará a opinião de Carl Gustav Jung, acerca do sistema religioso
protestante, vigente no final do século XIX e início do século XX. Segundo
Jung, cabia àquele protestantismo rever seu pretensioso intelectualismo
racional, por banir as experiências místicas próprias do espírito humano,
contrariando o espírito seminal encontrado em seu fundador, Martinho Lutero. Como
filho de pastor luterano, Jung sabia do que estava falando. “A divisão do
protestantismo em novas seitas – é sinal de vida. Mas infelizmente, no sentido
eclesial, isto não é um belo sinal de vida, porque não há dogmas e nenhum rito.
Falta a vida tipicamente simbólica”, afirma Jung (A energia psíquica.
Petrópolis: Vozes, 1997, p. 272).
Para o
psiquiatra suíço, o protestantismo é portador de um “grande risco e de uma
grande possibilidade”: por não saber, especialmente, o que fazer com a má
consciência que domina a alma do protestante.
Buck procurará abrir
espaço para a discussão sobre o racismo e a forma como ele bate à porta dos
consultórios, senta-se no divã, arranca o terapeuta de sua zona de conforto e
incita-o a refletir. Para ilustrar, a autora apresentará dois casos em que o
preconceito é vivenciado a partir de perspectivas diferentes: No primeiro, a
paciente negra vive a dor da exclusão em seu dia-a-dia: na escola, no trabalho,
nas ruas, nos parques, nos Shopping Centers da cidade. No segundo, a dor do
preconceito é vivida por uma mulher de pele clara e ausência de traços afro. A
mãe e todos os seus parentes são negros. O pai, descendente de alemães e
italianos, perdeu o contato com a filha. Esta paciente vive o “racismo às
avessas”, ou seja, as diferenças de “cor” parecem desencadear projeções que
resultam em forte discriminação por parte da família. Neste caso, a excluída é
branca. Como explicar este fato?
Utilizando-se do
conceito de Complexo Cultural, a
autora pretende demonstrar que, a partir de perspectivas várias, o preconceito
racial atinge a todos nós: brancos, negros e mestiços; homens e mulheres; ricos
e pobres; e, porque não dizer, analistas e analisandos. Ora, segundo Jung, sem
a vivência de opostos não há a experiência da totalidade. E a verdade é que temos
vivido, ao longo de nossa história, em lados opostos que se encontram, mas não
se integram.
Haverá esperança
de mudança? A autora propõe que o setting terapêutico seja visto aqui como a
grande ponte para a estruturação de um dos mais graves complexos culturais
brasileiros: o racismo. Mas para que isso aconteça é preciso um cuidadoso
trabalho de autoanálise por parte dos terapeutas que, não raro, sentem alguma
dificuldade em se perceberem como parte ativa do Complexo.
Sílvio Lopes Peres – Psicólogo Clínico – CRP
06/109971 – Fones: (14) 99805.1090 / 98137.8535 –
http://psijung.blogspot.com.br.
Vivian Verônica Buck – Pedagoga e Psicóloga Clínica
– CRP 06/58896 – Fone (11) 99656.1855.
Candidatos
a Analistas do Instituto Junguiano de São Paulo (IJUSP), pertencente à
Associação Junguiana do Brasil (AJB), ambos filiados à IAAP – International
Association for Analytical Psychology
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