A
natureza nos oferece um valioso presente: os sonhos. Refiro-me à atividade
onírica. Passamos um longo tempo de nossas vidas dormindo e sonhando. E, não
podemos descartar os sonhos, como se não fossem importantes. Podemos e
precisamos considerá-los como expressão do inconsciente.
Tudo
que sonhamos são partes de nós mesmos, que se nos apresentam como símbolos, e
das funções do nosso mundo interior.
Em
cada um de nós existem vários “eus”, que funcionam de modo diferente daquilo
que sabemos a nosso respeito, conscientemente. As pessoas, lugares, objetos e
situações que vemos nas imagens oníricas são partes de nós que precisam ser
conhecidas, caso queiramos viver plenamente, mas que de alguma maneira foram
reprimidas, quer pela educação familiar, escolar, cultural, social e/ou
religiosa.
Para
Robert A. Johnson (1921-) as imagens oníricas, são: “Componentes psicológicos autônomos:
cada um tem sua própria consciência, seus próprios valores, desejos e pontos de
vista. Cada um nos leva a uma direção diferente; cada um tem uma força ou
qualidade diferente para contribuir em nossa vida; cada um tem seu próprio papel
em nossa personalidade total” (A chave do reino interior. São Paulo: Mercuryo,
1989, p. 57).
Precisamos
“trabalhar” os sonhos, por que necessitamos conhecer as várias possibilidades
diferentes de sermos nós mesmos. Não somos únicos, somos constituídos de uma
grande diversidade muito forte e poderosa. “Parte de mim vive na mente
consciente, e parte de mim – o caráter complementar que compõe o todo – está escondida
no inconsciente” (idem, p. 59).
“Trabalhar”
os sonhos é mais do que simplesmente relatá-los; implica em experimentá-los,
isto é, perceber-se dentro deles, resgatar as emoções sentidas enquanto eram
vivenciadas. Este, talvez, seja o principal motivo pelo qual os consideramos
estranhos à vida diurna, simplesmente porque reprimimos qualquer sentimento próprio
a que eles querem nos ligar. Preferimos nos ligar aos sentimentos externos, por
resistir às transformações que eles nos exigem, apesar de sentirmos esta
necessidade.
Procure
estabelecer o hábito de tomar nota dos sonhos. Mantenha próximo à sua cama um
caderno, caneta ou lápis, assim se evita que eles se percam na escuridão do
esquecimento. Estas anotações podem ser revistas a qualquer momento, e você
perceberá que alguns temas/assuntos se repetem, ressaltando a sua importância e
necessário trabalho a ser empreendido pessoalmente. Aos poucos os sonhos deixarão
de ser considerados “bobos”, ou pertencentes a um território impenetrável, mas
principalmente, você está mais perto de quem você é.
Robert
Bosnak, analista junguiano holandês, recomenda relatar os sonhos com outras
pessoas, além de procurar um tratamento psicoterápico que os leva em conta,
pois pode ser que alguém nos ajude a prestar atenção em alguma imagem que nos
pareça irrelevante, mas que tem um importante significado simbólico (Breve
curso sobre sonhos. São Paulo: Paulus, 1994).
Bons
sonhos!
(Sílvio
Lopes Peres – Psicólogo Clínico – CRP 06/109971 – Fones: 998051090 / 981378535
– http://psijung.blogspot.com.br)
Nenhum comentário:
Postar um comentário