sábado, 2 de maio de 2015

Sonhos: possibilidades diferentes de sermos nós mesmos

         A natureza nos oferece um valioso presente: os sonhos. Refiro-me à atividade onírica. Passamos um longo tempo de nossas vidas dormindo e sonhando. E, não podemos descartar os sonhos, como se não fossem importantes. Podemos e precisamos considerá-los como expressão do inconsciente.
            Tudo que sonhamos são partes de nós mesmos, que se nos apresentam como símbolos, e das funções do nosso mundo interior.
            Em cada um de nós existem vários “eus”, que funcionam de modo diferente daquilo que sabemos a nosso respeito, conscientemente. As pessoas, lugares, objetos e situações que vemos nas imagens oníricas são partes de nós que precisam ser conhecidas, caso queiramos viver plenamente, mas que de alguma maneira foram reprimidas, quer pela educação familiar, escolar, cultural, social e/ou religiosa.
            Para Robert A. Johnson (1921-) as imagens oníricas, são: “Componentes psicológicos autônomos: cada um tem sua própria consciência, seus próprios valores, desejos e pontos de vista. Cada um nos leva a uma direção diferente; cada um tem uma força ou qualidade diferente para contribuir em nossa vida; cada um tem seu próprio papel em nossa personalidade total” (A chave do reino interior. São Paulo: Mercuryo, 1989, p. 57).
            Precisamos “trabalhar” os sonhos, por que necessitamos conhecer as várias possibilidades diferentes de sermos nós mesmos. Não somos únicos, somos constituídos de uma grande diversidade muito forte e poderosa. “Parte de mim vive na mente consciente, e parte de mim – o caráter complementar que compõe o todo – está escondida no inconsciente” (idem, p. 59).
            “Trabalhar” os sonhos é mais do que simplesmente relatá-los; implica em experimentá-los, isto é, perceber-se dentro deles, resgatar as emoções sentidas enquanto eram vivenciadas. Este, talvez, seja o principal motivo pelo qual os consideramos estranhos à vida diurna, simplesmente porque reprimimos qualquer sentimento próprio a que eles querem nos ligar. Preferimos nos ligar aos sentimentos externos, por resistir às transformações que eles nos exigem, apesar de sentirmos esta necessidade.
            Procure estabelecer o hábito de tomar nota dos sonhos. Mantenha próximo à sua cama um caderno, caneta ou lápis, assim se evita que eles se percam na escuridão do esquecimento. Estas anotações podem ser revistas a qualquer momento, e você perceberá que alguns temas/assuntos se repetem, ressaltando a sua importância e necessário trabalho a ser empreendido pessoalmente. Aos poucos os sonhos deixarão de ser considerados “bobos”, ou pertencentes a um território impenetrável, mas principalmente, você está mais perto de quem você é.
            Robert Bosnak, analista junguiano holandês, recomenda relatar os sonhos com outras pessoas, além de procurar um tratamento psicoterápico que os leva em conta, pois pode ser que alguém nos ajude a prestar atenção em alguma imagem que nos pareça irrelevante, mas que tem um importante significado simbólico (Breve curso sobre sonhos. São Paulo: Paulus, 1994).
            Bons sonhos!
(Sílvio Lopes Peres – Psicólogo Clínico – CRP 06/109971 – Fones: 998051090 / 981378535 – http://psijung.blogspot.com.br)

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