domingo, 19 de junho de 2011

O Projeto de Eros (II)


Eros, deus grego representado com uma aljava, arco e flechas, e atirando-as aos homens e mulheres, tem como missão aproximar as pessoas para que se relacionem, mas também para que expressem sua criatividade, espiritualidade e beleza em todas as dimensões da vida, quer social, cultural, religiosa, econômica ou tecnológica.
            Este é o projeto de Eros a que estamos submetidos: nos relacionarmos uns com os outros, através de todas as nossas capacidades. A vida humana é uma experiência de relacionamentos pessoais, que se torna mais rica e positiva à medida que expomos e expandimos nossas capacidades. Pessoas que têm dificuldades de manter um relacionamento com outras sofrem muito, porque suas capacidades não são respeitadas ou aceitas.
É a atuação de Eros em nosso inconsciente que nos permite ou não medir a qualidade dos nossos relacionamentos.
Ao nos referirmos a Eros, estamos considerando algo que vai além de uma simples referência sexual, ainda que o relacionamento sexual esteja relacionado a ele. Mas é mais amplo, e isto acontece porque a imagem do Cupido, nome romano de Eros, está associada ao amor erótico. Quer dizer: Eros é o intermediário que nos coloca diante de outras experiências. Suas “flechas” nos levam a realizar atividades humanas, estéticas e espirituais, além das românticas.
Para a mulher, por exemplo, em certas situações, relacionamentos significam muito mais que uma relação sexual. Nelas, Eros elabora e prepara-as para as ligações psíquicas que venham a ter com outras pessoas. É Eros que as leva a executar tarefas que demandam o cuidado com outras pessoas, como por exemplo: ser mãe, ser professora, ser médica, ser dona de casa, etc. A dominância de Eros na psique de uma mulher vai dimensionar sua capacidade de se relacionar com os outros, e isto inclui o namorado, o noivo ou o marido.
No caso dos homens, Eros nos leva a nos aproximarmos uns dos outros, na maioria das vezes, como um impulso de poder, como de querer e buscar controlar os outros, e até mesmo as mulheres, tendo ou não um motivo sexual; de subjugar o meio-ambiente, o que explica, mas não justifica o desmatamento e a poluição; a sustentar e fortalecer o espírito de competição com outros homens, tão visível no campo da política partidária, empresarial e comercial; e manifestar respeito e devoção religiosa, entre outros.
Na verdade, Eros pode ser verificado nestas e noutras infinitas manifestações, tanto nas mulheres quanto nos homens, mas sempre pretendendo nos unir uns aos outros, ou às outras realizações, com o propósito de nos aproximar ainda mais.
            Porém, Eros tem o poder de nos tornar objetos uns dos outros, e cada vez ficam mais visíveis os sinais desta sua atuação sobre nós, dando-nos a impressão, quase inquestionável, de que o mundo é uma arena de gladiadores, onde o mais importante é a animosidade, uma passarela em que as vaidades são os únicos atrativos, ou o que é pior, um curral.
            O projeto de Eros é real, e não podemos nos iludir quanto à possibilidade de que podemos nos livrar dele, antes, precisamos dele para nos aproximar da vida.

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