segunda-feira, 27 de junho de 2011

Todos têm uma bandeira


            O direito de expressão de opiniões de forma pacífica está sendo respeitado. A liberdade de pensamento é um princípio que precisa ser respeitado em todos os setores da sociedade. Nada pior do que a repressão. A expressão de opiniões aprofunda as ideias. Quanto mais se debate um assunto mais o homem se compreende. Os diversos movimentos sociais que estão nas ruas de todo o mundo, com cartazes e palavras de ordem em Marchas, expõem quem nós somos, até mesmo aqueles que são contrários às manifestações.
Nestes últimos dias assistimos a muitos movimentos que manifestam, em protestos, quem somos nós: Marcha da Liberdade, da Maconha, contra o aumento da passagem de transporte urbano, dos Skatistas, contra a construção da Usina Hidrelétrica em Belo Monte, para Jesus, pelos direitos LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transsexuais), das Vadias, dos Bons Drinks, etc.
            Cada um destes movimentos expressa fatores complexos da natureza humana, da nossa psique. Eles revelam algo mais forte do que nós mesmos, por isso tanto os queremos. Não é possível compreendê-los em sua amplitude, pois são mais do que um simples raciocínio matemático, de “um mais um, é igual a dois”. Não só é inútil, como também perigoso se tentarmos reduzi-los a um único âmbito, quer das leis, quer dos costumes morais e religiosos. Toda forma de controle toca em nossa vontade de sermos Deus. Só Deus sabe investigar em profundidade, com absoluta isenção, as opiniões dos homens que os levam a tomar decisões, e agirem com tanta convicção. Nosso julgamento, ainda que necessário, não pode ter caráter irrefutável, quer favorável ou contrário, pois como diz Carl Gustav Jung (1875-1961): “Quando observamos o comportamento das pessoas que se veem confrontadas com uma situação a ser avaliada eticamente, constatamos um duplo efeito bastante curioso: de repente ambos os lados se manifestam. Estas pessoas não apenas tomam consciência de sua inferioridade moral, mas também de seu lado bom. E dizem com razão: “Também não sou tão abominável assim”. Confrontar alguém com sua sombra significa também mostrar-lhe sua luz” (Civilização em transição. Petrópolis: Vozes, 2007, p. 188).
            Antes que um dos lados passe a agredir o outro com acusações, é possível evitar confrontos. Ao defender ou refutar quaisquer opiniões, precisamos perceber que carregamos um pouco do contrário de cada uma, em nós.
            Não, não significa que cada um deva fazer da sua vida o que bem entender, como se não vivêssemos em sociedade: isto seria estimular a alienação social. Mas que a cada bandeira hasteada, bandeiras outras não precisam ser arriadas, pois as cores se combinam, porque são todas do mesmo tecido, humano.
            “Por que é que você olha o cisco no olho do seu irmão, quando você tem uma tábua em seu próprio olho?”, ensinava Jesus Cristo (Mateus 7.3).
            Percebamos que o Mestre dos mestres nos mostra que precisamos minimizar em nossos julgamentos ao próximo; porém, quanto a nós mesmos, devemos ser mais zelosos e severos, porque o “cisco” e a “tábua” são do mesmo tronco. Ambos, “cisco” e “tábua”, precisam ser admitidos, mas sem a intenção de removê-los uns dos outros. Ah, se cada um cuidasse da sua própria “tábua”!

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