segunda-feira, 4 de julho de 2011

50 anos da morte de C. G. Jung


            O sono de Jung deu lugar a uma morte tranquila, às quatro e meia da tarde. Depois de um longo pôr-do-sol, com as luzes se apagando aos poucos, morreu no dia 06 de junho de 1961” (BAIR, D. Jung: uma biografia. São Paulo: Globo, 2006, p. 342).
Durante seus oitenta e cinco anos de vida, Carl Gustav Jung foi: professor em diversas universidades; palestrante em vários congressos internacionais, ao lado de Freud (1856-1939), Alfred Adler (1870-1937) e Sandor Ferenczi (1873-1933); médico em campo de batalha durante a 1ª Guerra Mundial; realizou pesquisas em diversos países como Argélia, Tunísia, Índia, Inglaterra, Itália, México, Uganda, Quênia, Palestina e Egito; esculpia em pedras e pintava mandalas nas paredes e em livros; seu lazer era a vela esportiva e jogar “paciências” com cartas, segundo Aniela Jaffé (Ensaios sobre a psicologia de C. G. Jung. 10ª Ed. São Paulo: Cultrix, 1995, p. 123).
Seus biógrafos informam-nos algumas enfermidades sofridas: na infância, “eczema generalizado”, doença que relacionava com a separação de seus pais, em 1878. Após uma briga com colegas da escola, é diagnosticado como portador de epilepsia, devido aos desmaios frequentes, mas que ele próprio superou. Em Uganda, padece de laringite e febre; na Índia, é acometido de grave crise de disenteria. Em 1944, sofre o primeiro infarto, após a fratura de um pé. A partir de 1953 sofre com a próstata. Com a morte de sua esposa Emma Jung em 1955, passou a se locomover com a ajuda de uma bengala, e a se queixar do fígado, vesícula e de reumatismo, além de problemas relacionados aos seus movimentos cardíacos. Segundo Bair, em fevereiro de 1961 ele passa por uma “ligeira embolia que o deixou exausto e intensamente introvertido, e diversos infartos leves entre 20 e 30 de março de 1961” (p. 337).
“A vida vibrou contra ele (...) a passagem para a velhice física ocorrera”, comenta Jaffé. Ele mesmo descreve sua debilidade: “Durante o dia sentia-me frequentemente deprimido, miserável e fraco; melancolicamente pensava: “Agora preciso voltar a este mundo cinzento”. De tarde, adormecia e o sono durava até perto de meia noite. Então acordava e ficava desperto, talvez uma hora, mas num estado muito particular. Ficava como que num êxtase ou numa grande beatitude. Sentia-me pairando no espaço como que abrigado no meio do universo, num vazio imenso, embora pleno do maior sentimento de felicidade possível” (Memórias, Sonhos e Reflexões. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1988, p. 256).
O enterro se deu no dia 09 de junho, na cidade de Küsnacht, debaixo de uma forte tempestade de verão. Segundo Bair, “um enorme raio destruiu a árvore à beira do lago sob a qual ele gostava de realizar as sessões de análise quando o tempo estava bom” (p. 345).
A influência de Jung vai muito além do âmbito da psicologia: tem um forte impacto na antropologia, filosofia, física, sociologia, etc. Alguns termos de sua teoria passaram para a linguagem cotidiana: introversão, complexo, extroversão, inconsciente coletivo, arquétipo, individuação, e muitos outros. Em O Livro Vermelho, publicado em 2010, Jung descreve a experiência pessoal que teve nas profundezas de seu ser. Seu pensamento é continuamente revisitado e atualizado, em diversas partes do mundo, por associações de psicologia analítica, como também por indivíduos isolados que, movidos pelo mesmo interesse de Jung, o experimentam em suas próprias vidas, diariamente.

Um comentário:

  1. Sílvio, que bom ler mais sobre Jung através do seu blog. Adorei a proposta! Um Abraço, Fabiana

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