sexta-feira, 29 de abril de 2011

Moradores de rua: a solução depende de todos


Enquanto houver uma só pessoa vivendo na rua, o tema não pode deixar de ser abordado, e a busca pelas soluções deve ser incansável.
Capacitação técnica e determinações legais regem as ações públicas e são imprescindíveis num estado de direito; e as de caráter particular no socorro destas pessoas, seguem o padrão arquetípico da humanidade: boa vontade e o espírito de solidariedade, que intencionam amenizar o sofrimento e socorrer os necessitados. De alguma maneira, contudo, estas ações precisam ser articuladas, pois os objetivos são comuns.
Os resultados da Pesquisa Censitária Nacional sobre Crianças e Adolescentes em Situação de Rua, realizada pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH) e pelo Instituto de Desenvolvimento Sustentável (IDEST), em 75 municípios do País, ajudam a perceber que as soluções estão na interdisciplinaridade, isto é, no respeito de cada campo do conhecimento, pois tudo é interdependente; e não há neutralidade, pois toda interferência modifica o objeto de trabalho.
Segundo o jornal O Estado de São Paulo (24/02 – C1), os resultados da referida pesquisa foram os seguintes: 32,2% vão para as ruas por brigas verbais com os pais e com os irmãos; 30,6% por violência doméstica; 30,4% por alcoolismo e uso de drogas; 22,8% em busca de liberdade; 13,2% por perda da moradia pela família; 8,8% por violência e abuso sexual. A maioria das crianças em situação de rua é do sexo masculino - 71,8%. Quanto à cor da pele: 23,8% brancos; 23,6% negros; e 49,2% pardos ou morenos. Escolaridade: 79,1% têm o 1º grau incompleto; 4,1%, 2º grau incompleto; 6,7%, 1º grau completo; e 10,1%, outros.
A pesquisa ainda aponta que apenas 2,9% costumam dormir em instituições que prestam algum tipo de assistência a elas. Mas, para 59,4% delas a falta de liberdade; 38,6% a proibição de uso de álcool e drogas; e 26,9% porque devem cumprir horários e regras para permanecer nestes abrigos, preferem dormir em outros lugares. Quando pensam em não dormir nas ruas: 56,1% lembram da violência que podem sofrer; 52,9% consideram as chuvas e ao frio a que estão sujeitos; e, 35,7% citam a ação policial.
Estes dados revelam que estas pessoas não podem ser vistas como imorais, alcoolistas, incivis, nem muito menos por especialistas em seus campos isolados uns dos outros que, segundo Edgar Morin (1921-), não enxergam o “essencial”, devido àquilo que chama de “inteligência cega” (A cabeça bem-feita: repensar a reforma, reformar o pensamento. 8ª Edição. Rio de Janeiro: Bertrand, 2003, p. 13).
 Eles nos apontam que são pessoas que têm dificuldades de dialogar e de conviver com outras pessoas que pensam diferentemente delas; que não sabem como controlar seus impulsos verbais, físicos, emocionais e sexuais, e devido a isto agem com violência, ou se deixam levar pela pressão do grupo e suas necessidades psicológicas, quando o assunto é álcool e drogas, e os valores de liberdade. A questão hormonal, especialmente os desequilíbrios de testosterona, deve ser levada em consideração, também. As deficiências na formação escolar têm contribuído bastante para uma fraca consciência de si mesmo: é outro problema que precisa ser enfrentado por todos, pais e professores.
Outras áreas devem ser envolvidas, pois a tarefa é de todos nós. Faça a sua parte.

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