sexta-feira, 29 de abril de 2011

Sejamos heróis!


Sejamos heróis!
            Pelo menos teoricamente, sabemos que um herói nasce quando há superação de obstáculos e determinadas metas são alcançadas, especialmente aquelas que parecem inatingíveis para a maioria das pessoas. Neste sentido, é bem possível que durante o ano de 2010 muitos heróis tenham nascido, ou até mesmo você seja um deles.
            Segundo o mitólogo Joseph Campbell (1904-1987): “O herói é o homem ou a mulher que conseguiu vencer suas limitações históricas pessoais e locais e alcançou formas normalmente válidas, humanas” (O herói de mil faces, São Paulo: Pensamento, 2007, p. 28).
Conforme o filosofo Renato Janine: “O heroísmo não está só nas personagens da mitologia grega ou nos super-heróis da TV. Ele pode estar presente quando cada um de nós enfrenta uma pequena prepotência, em nome de um valor mais alto – desde, claro, que arque com os resultados de sua ação e que além disso lembre que é falível e pode estar errado. Mas é desses pequenos heroísmos pessoais que depende a dignidade humana” (http://www.renatojanine.pro.br/Etica/heroi.html).
            Para o analista junguiano James Hollis, o herói enfrenta, diariamente, pelo menos dois incansáveis inimigos: a letargia e o medo (Rastreando os deuses. São Paulo: Paulinas, 1997, p. 105). Segundo ele, todas as vezes que nos deixamos seduzir pelos confortos, isto é, quando não nos envolvemos pessoalmente com os conflitos, especialmente aqueles que exigem uma postura pessoal, a letargia nos vence; e, se tememos perder alguma posição já alcançada, se nos comparamos com os outros, ficamos sob o efeito paralisante do medo. “Depois de termos assumido essa incumbência singular e também absoluta de nos tornarmos protagonistas do nosso próprio drama existencial, então estamos vivendo numa dimensão heroica” (p. 110).
Algumas pessoas podem ser reconhecidas como heroínas; a maioria delas fica no anonimato, mas todas sentem que chegaram “lá”, silenciosa e solitariamente. Assim sendo, o herói é uma pessoa mais consciente de quem ela é para si mesma, e é mais autossuficiente, isto é, não depende tanto dos outros.
Para alguns, isto pode parecer surpresa, mas quem está a caminho sabe que é isto que acontece: o herói não se vale de artimanha nem de esperteza para manter viva a sua disposição para vencer os obstáculos; o herói enfrenta as dificuldades, e na maioria das vezes, sacrifica suas vontades pessoais, pois sabe que não pode fugir de si mesmo. Este é o caminho da sabedoria. Se agir com esperteza, ele sabe que estará se enganando e iludindo a si mesmo. O caminho da sabedoria é um caminho que se anda sem intenções nem desejos; se caminha “desarmado”, sem querer acompanhar a vida com aquilo que acha que ela deve ser, tendo controle e planejamentos egocêntricos. A esperteza inventa argumentos mentirosos, que de tanto serem repetidos se tornam “inocentes”, mas mortais. A sabedoria inventa impulsos para não se guiar por autoajudas.
            “Todos os heróis sucumbem por si, quando difundem em certa medida a atitude de herói e com isso fracassam” (Minuta da Associação de Psicologia Analítica Clube Psicológico de Zurique, texto citado em O Livro Vermelho, de Carl Gustav Jung. Petrópolis: Vozes, 2010, p. 244).
            Estamos diante das cortinas, ainda cerradas, do que se passará em 2011 mas, se quisermos ser heróis, saibamos que não conseguiremos tudo o que queremos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário