sexta-feira, 29 de abril de 2011

Resolvendo problemas


            Problemas, quem não os têm? A questão é como os resolvemos.
Conforme o rabino Nilton Bonder (1957-) na solução de problemas é importante a vontade pessoal, o envolvimento por inteiro. Ele afirma: “Quando dizemos “não posso”, não estamos usando uma medida de impossibilidade intelectual, mas de ordem emocional. “Não posso” quer dizer “não quero” (O segredo judaico de resolução de problemas. Imago. Rio de Janeiro: 1995, p. 68).
Contudo, não é difícil encontrar aqueles que acham que isto não é necessário, basta seguir em frente com: praticidade – se funciona, então é válido; comodidade – desde que tudo permaneça do mesmo jeito, pois uma solução não pode criar outras dificuldades; rapidez – nada que seja demorado ou lento; facilidade – tudo se resolve sem muito esforço; oportunidade – ocasiões devem ser aproveitadas, e nunca perdidas; resultado – se for positivo, por que não; felicidade, a qualquer custo; etc.
Mas, será que praticidade, comodidade, rapidez, facilidade, oportunidade, resultado e felicidade são os melhores critérios para a solução de problemas? Estes são seriam mais viáveis na abertura de uma lata de milho verde, ou de um sache de molho de tomate? Por que os elegemos como métodos de ação?
Para o cardiologista Sérgio Timerman, muitos pacientes têm seu estado de saúde piorado graças à interferência de parentes que oferecem soluções fáceis e práticas encontradas no “doutor Google” (Revista Alfa. Editora Abril: Dezembro, 2010, p. 159).
            Rainer Maria Rilke (1875-1926), um dos mais importantes poetas da língua alemã, recomendou a Franz Xaver Kappus (1883-1966), aspirante à arte da poesia, que tivesse “calma e ponderação”, na solução de suas dificuldades artísticas. Rilke afirma: “As pessoas (com o auxílio de convenções) resolveram tudo da maneira mais fácil e pelo lado mais fácil da facilidade; contudo é evidente que precisamos nos aferrar ao que é difícil; tudo o que vive se aferra ao difícil, tudo na natureza cresce e se defende a seu modo e se constitui em algo próprio a partir de si, procurando existir a qualquer preço e contra toda resistência. Sabemos muito pouco, mas que temos de aferrar ao difícil é uma certeza que não nos abandonará. O fato de uma coisa ser difícil tem de ser mais um motivo para fazê-la” (Cartas a um jovem poeta. L&PM Editores. Porto Alegre: 2006, p. 64).
            Rilke nos aponta porque chegamos neste estado de coisas: as “convenções”, ou seja, os ajustes elaborados pela maioria das pessoas acerca das dificuldades que aparecem na vida e que são estabelecidas como normas, estabelecem o império do “lado mais fácil da facilidade”.
            Contudo, temos de nos perguntar por que preferimos nos submeter a este império. Preguiça de pensar? Imaturidade diante da vida? A fé inabalável de que tudo se resolve, basta crer? Conquistas ou recompensas já alcançadas, ainda que por outras pessoas, são suficientes? Medo de parecer demasiadamente fraco ao precisar de ajuda de algum profissional da saúde mental? Rejeição, pura e simples, a um processo mais complexo de elaboração? Impotência diante do “impossível”, que questiona o amor próprio e o sentimento de onipotência, e por isso, imediatamente, precisa ser desprezado, para ser encarado como “fácil”? Por que não dar chance às opções impensadas, mas tão reais, porém, apenas inacessíveis ao lado racional da vida?

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